A Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP) lamenta a morte da jornalista e historiadora brasileira Anete Costa Ferreira, um dos quadros mais antigos da entidade.
Nascida em Belém do Pará, Anete manteve-se sempre ligada às suas origens amazônicas. Foi a autora de diversas obras sobre a região, incluindo “A Expedição de Pedro Teixeira” e “Imagens de Santa Maria de Belém do Grão-Pará”.
“Anete era uma colega muito querida pela comunidade dos correspondentes estrangeiros em Portugal. Sua morte foi bastante sentida por todos nós. Desde que soubemos desta triste notícia, não faltaram manifestações de pesar, mas também muitas lembranças de momentos felizes”, afirma a presidente da AIEP, Giuliana Miranda.
Ex-presidente da AIEP, Jair Rattner resumiu em um breve texto suas lembranças sobre ela.
“Dá para dizer que Anete da Costa Ferreira, a dona Anete, como eu a conhecia, viveu várias vidas. Quem conheceu a jornalista e estudiosa da Amazônia, buscando mostrar um pouco de Belém do Pará – a sua terra natal –, apenas viu uma parte. Mas é essa faceta do que ela fez que teve maior repercussão, com livros como A expedição de Pedro Teixeira, Imagens de Santa Maria de Belém do Grão-Pará, entre outros. A partir dessas pesquisas de história fez conferências e palestras em Portugal, Itália, Brasil e Inglaterra, onde falou sobre a Amazônia, sua história, seus desbravadores. Mas quem olhava para a sua figura franzina, uma mulher baixinha e magra, não imagina que ela também teve um papel na luta pela democracia no Brasil. Vivendo em Belém durante a ditadura, muitas vezes, dirigia centenas de quilômetros uma Kombi com pessoas que fugiam da repressão, longe das garras da polícia política brasileira. E que na sua casa, em Belém, abriu com seu marido um bar onde se realizavam reuniões clandestinas de conspiração contra o regime militar. E que foi também contabilista, de onde veio o seu gosto pelos números certos. Partiu aos 84 anos, deixando saudades.”
A jornalista faleceu na madrugada de 18 de janeiro de 2021 em Lisboa.