História

Criada para reunir os correspondentes estrangeiros em Portugal, a AIEP nasceu no momento de efervescência política e cultural pós-25 de abril.

Decorria o ano de 1975 e, embora fosse dezembro, o ambiente era quente.

Havia por todo o lado manifestações que eram permitidas pela implementação da liberdade e o fim da ditadura de Salazar. Mario Dujisin (IPS), Marta de la Cal (Time Magazine), Diana Smith (Financial Times) e Peter Collis (The Times), encontravam-se numa cervejaria na Rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa, quando começam a ouvir vozes exaltadas que vinham da rua. 

Como para qualquer jornalista, a curiosidade aguçada fê-los sair do restaurante, mas um polícia tentou afastá-los, não os deixando fotografar ou falar com os manifestantes.

Diana Smith foi empurrada, caiu no chão. Tentaram fazer queixa mas ninguém os quis ouvir. A jornalista sentiu que estava na altura de criarem uma associação para os proteger – é então aqui que nasce a Associação da Imprensa Estrangeira em Portugal (AIEP). A primeira reunião aconteceu ainda em 1975, no escritório da Inter Press Service (IPS) na Praça da Alegria.

Em Janeiro convidam Michel Trichet (Agence France Press) a fazer parto do grupo inicial e para posteriormente ocupar o cargo de presidente, porque o mundo estava em plena Guerra Fria e a AFP representava a França, uma grande potência mundial mas uma agência menos militante no enfrentamento Este-Oeste, e Vladimir Resnichenko (Novosti, da URSS) para ocupar o cargo de 2º vice-presidente. Com Dujisin em 1º vice-presidente, representante de uma agência estritamente internacional, sendo uma cooperativa de jornalistas de 62 países, criou-se o equilíbrio, principalmente político, que os fundadores desejavam. 

Formação

Devido à burocracia portuguesa, a AIEP só nasceu legalmente em 1978, mas a primeira assembleia aconteceu em Março e Abril de 1976, no Hotel Plaza.

A partir daqui começaram a desenhar a estrutura.

Os objetivos da Associação passariam então pela proteção dos jornalistas, pela organização de eventos onde todos os sócios possam participar, assim como dar apoio aos novos jornalistas que chegam ao país. 

Nesta altura, une-se ao quinteto inicial, para estruturar a Associação um novo grupo: Ken Pottinger (BBC), Sandy Sloop (UPI), Riccardo Carucci (ANSA), Ramon Font (RNE), Mary Castanheira, Patrick Ryne (Associated Press), Duda Guennes, Carlos Alberto Pontes (Reuters). Todos eles ficaram conhecidos pelos “históricos da AIEP” e, para além de reuniões, começaram a organizar encontros com várias entidades: o Conselho de Revolução, o então primeiro-ministro, Mário Soares, e o Presidente da República, Ramalho Eanes, entre outros.

A 21 de Abril de 1978, no Hotel Tivoli, em Lisboa, dá-se a primeira Assembleia Geral oficial. A obtenção de uma sede é algo que tem sido discutido ao longo dos 30 anos, mas com a Sala de Imprensa, no Palácio Foz nos Restauradores, à disposição dos correspondentes, foram custos extra que acabaram sempre por ser postos de lado.

A Sala da Imprensa, que sempre esteve disponível para a imprensa estrangeira, mesmo antes da queda do Regime, teve ao serviço dos jornalistas, máquinas telex e telefones para ajudar os jornalistas no seu trabalho. Depois da Expo 98 recebeu computadores. Os que sempre frequentaram menos a Sala são os jornalistas de agências noticiosas, porque estas dispõem sempre, ou quase sempre, escritório próprio, assim como correspondentes das televisões. Mas sempre foi um espaço muito procurado, devido à sua localização central.

A partir da primeira Assembleia Geral, os jornalistas foram entrando e saindo consoante a sua presença em Portugal e o número de atividades foi aumentando. Entre encontros, reuniões, pequenos-almoços, almoços ou jantares, os membros da Associação tiveram ao longo dos anos a preocupação de se reunir com as figuras mais importantes da política, como os Presidentes da República, os Primeiros-Ministros e alguns ministros, mas também com outros políticos e jornalistas nacionais, entre outros. O objetivo destes encontros é a discussão dos principais temas nacionais e o estreitamento de laços.

A AIEP fez também, ao longo dos anos, algumas viagens: Índia, Macau, Espanha, Sines, Porto, Açores e Fundão, entre outras.

No ano de 1990 é criado o Prémio Personalidade do Ano. Este prémio deu uma maior visibilidade à Associação devido ao seu intuito: prestigiar um português que se tenha distinguido pelo seu trabalho. Já foram entregues prémios a políticos, artistas, desportistas, entre outros. Entre eles encontra-se Mário Soares, que se distinguiu ao longo dos anos pelo apoio que mostrou à imprensa estrangeira, Luís Figo e Cristiano Ronaldo, pelas suas carreiras futebolísticas, ou artistas como Joana Vasconcelos ou Paula Rego, por levarem a arte portuguesa além-fronteiras (para ver lista completa aceda à secção Prémio – http://www.aiep.eu/premio_frame.html).
O Prémio Personalidade do Ano, que desde 2012 é também conhecido por Prémio Marta de la Cal, em homenagem a todo o trabalho e empenho para o bom funcionamento da Associação que essa saudosa jornalista sempre prestou, é eleito de forma democrática com a plena participação dos correspondentes, e com a escolha final anunciada em Dezembro.

Outra nova tradição começou mais ou menos na mesma altura: o Jantar de Natal. Decorre em Dezembro e tem como objetivo juntar todos os membros e os seus familiares, assim como assessores de imprensa, jornalistas portugueses e representantes do Governo. Cada sócio é suposto levar, também, alguma coisa típica do seu país para partilhar com o resto dos convidados. A Associação aproveita do momento ainda para revelar o nome do Personalidade do Ano, cujo prémio entregue no ano seguinte.